28 de fevereiro de 2008

O jovem e sua atuação como protagonista no Semi-árido

“Gosto de ser gente porque, mesmo sabendo que as condições materiais, econômicas, sociais e políticas, culturais e ideológicas em que nos achamos geram quase sempre barreiras de difícil superação para o cumprimento de nossa tarefa histórica de mudar o mundo, sei também que os obstáculos não se eternizam,” (FREIRE. 1996, 60.)

Ter sonhos, medos, desejos, faz parte do ser humano, porém esses sentimentos obtêm valores e sentidos diferenciados a depender da fase em que o indivíduo o vive, em especial na adolescência e juventude, pois é nessa fase em que começam a definir passos para o futuro e construir os espaços de afirmação ou não na sociedade. Pois o jovem não é protagonista de sua vida porque ainda enquanto crianças não foram respeitados os seus direitos, logo o jovem atual não consegue em sua maiorais buscar os seus direitos e nem tão pouco seguir regras.
A construção desses espaços é o que contribuirá para a consolidação da personalidade e como a pessoa dará continuidade à vida na Terra e o cumprimento de sua missão, para isso é necessário se perceber as oportunidades que são postas no caminho, a partir desse elemento é possível constituir bases para a consolidação da vida, é preciso um trabalho de melhoria de auto-estima desse jovem cidadão, influenciado-os a buscarem os próprios estímulos, no meio em que vivem e não cruzar os braços, é buscar, estar alerta , a procura de melhorias, otimismo... exigir seus direitos ante o governo.
Vários discursos voltados ao protagonismo juvenil são traçados por estudiosos na linha da atuação em grupos de dança, música, teatro, entre outros aspectos ligados à arte, cultura e lazer. Considera-se o grande número de jovens e adolescentes com idade a partir de 17 anos que vivem o drama do vestibular, em especial aqueles de classe media baixa que passam a sua vida escolar em escolas públicas, com ensino precário e não tem condições de fazer um curso pré-vestibular para auxiliar nas deficiências, sem falar naqueles que vivem em área rural e são obrigados a deixar sua comunidade para poder concluir o ensino médio e quando o faz não conseguem chegar à universidade.
Voltando aos aspectos acima citados e pensando em Semi-árido, vale considerar as especificidades e peculiaridades vivenciadas pelos jovens. Em especial no Semi-árido piauiense observa-se o grande número de jovens e adolescentes entre 15 e 29 anos que já estão com famílias constituídas e são obrigados a abandonar os sonhos, desejos, talvez por falta dessa oportunidade tão proclamada pela sociedade quando se fala em “protagonismo juvenil”.
Vale ressaltar que no ECA Art. 4º diz: “ É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à dignidade, ao respeito, à liberdade e a convivência familiar e comunitária”. Respaldado pelo projeto de lei nº 4.529 que dispõe sobre o Estatuto da Juventude, buscando garantir em lei ações que de fato garantam os jovens protagonizar o seu presente e construir bases sólidas para seu futuro, respeitando as peculiaridades e especificidades de cada região.
O protagonismo juvenil perpassa por diversos âmbitos sociais e pode ser manifestado das mais variadas formas, que devem ser respeitadas por toda a sociedade e de fato oportunizar a inserção desses jovens em ambientes que contribuam para o seu crescimento, intelectual, pessoal social e em especial humano.
Falando em Protagonismo Juvenil deve ser levado em consideração alguns aspectos importantes:
- Qualquer agrupamento de pessoas, que se torna um coletivo quando há a reconstrução ou reconhecimento de uma identidade coletiva।;
- A identidade coletiva e/ou individual é constituída através das experiências de vida que podem ser planejadas ou espontâneas;
- É necessário envolver-se na comunidade com o intuito de conhecer sua organização e de que maneira contribuir para melhoria de sua estrutura;
-Participação, proposição, intervenção, pesquisa fazem parte da ação protagonista, é necessário despertar o espírito de pesquisador e de investigação que existe dentro de cada um


As oportunidades para que jovens possam inserir-se nos espaços sociais ainda são tímidas, porém vale considerar que ainda é tímido o interesse por grande número de jovens em intervir diretamente nos espaços sociais existentes, a busca por políticas públicas em seu contexto histórico marca ainda a atuação de grupos isolados de jovens que buscam conquistar espaços, porém o número de jovens que se escondem desse processo ainda é muito grande, pensar protagonismo juvenil, é pensar em inserir e para inserir é necessário apostar na capacidade e habilidades existentes em cada ser। Oportunizar o jovem em expressar sua vontade e despertar o desejo de mudança de situações que interferem diretamente na constituição de um presente sólido e capaz de prover oportunidades de um futuro promissor.

Contudo há ainda a necessidade de melhor ouvir os desejos e medos mais íntimos dos jovens, para que só assim sejam traçadas ações que fortaleçam e dêem condições de oportunizar a ação protagonista da juventude. Não basta ter políticas públicas voltadas ao atendimento ao público jovem, se as mesmas não forem condizentes as reais necessidades, bem como não forem aplicadas, oportunizar a participação, inserindo-os nos mais variados espaços sociais, torna-se a saída para a resolução de tantos casos de omissão e ociosidade da juventude, além de promover a melhoria da auto-estima e sua projeção e/ou ascensão social protagônica.

POR QUE A QUALIFICAÇÃO DOS JOVENS NO SEMI-ÁRIDO (1)

Fazemos um recorte para o Semi-árido Brasileiro que corresponde a 26,4 milhões de habitantes, numa área correspondente a mais 900.000 Km². Destes, 10.9 milhões de habitantes, correspondentes a 41,3% da população são de crianças e adolescentes de 0 a 17 anos, os 58,7 % restantes, correspondem à população de 18 anos acima, sendo que entre esses é observado um grande número de jovens. Sentimos a necessidade de dedicar uma atenção especial ao JOVEM, principalmente àquele do meio rural da região semi-árida nordestina, que retira o sustento da terra, junto à família ou mesmo enfrentando o duro início do trabalho com o peso da responsabilidade, antes atribuída ao pai e mãe que na maioria das vezes têm ou tiveram grandes dificuldades de alimentar e dar uma vida digna aos filhos. É uma empreitada difícil, considerando a forma com que a geração dos pais do jovem de hoje, conduziu a vida das comunidades onde vivem do ponto de vista do trabalho com a terra, na busca do sustento econômico, na participação político-social e tudo o que diz respeito à sua permanência no campo. É o momento de o jovem entrar na vida adulta e tomar as decisões que decidirão sua vida plena como pode ser o que se espera no futuro. Com isso um conjunto de forças deve partir da nova geração, visando sua atuação no sentido de reverter uma situação que tem subjugado o povo nordestino, principalmente a população do campo.
Sendo o jovem do meio rural o agente mais importante no processo de reversão da atual situação, orientar o trabalho da Convivência com o Semi-Árido especificamente para o jovem, para que ele tenha na sua terra natal uma terra boa e próspera, onde possa desenvolver suas capacidades, e, então, poder escolher entre o ficar ou desenvolver as suas habilidades em outros espaços. Vê-se este espaço de capacitação e atuação junto à comunidade, que garante a melhoria da qualidade de vida das pessoas seja através do acesso à renda (melhoria da produção familiar), de uma melhor relação de gênero e geração, através de um salto da compreensão de sua cultura, seu ambiente. Um novo olhar sobre a realidade local.
Pensa-se com ação protagonista a mobilização e capacitação de jovens, para que estes possam conhecer melhor a sua realidade e, numa dinâmica mais atrativa – a partir da comunicação social desenvolvida através de teatro, dramatizações, etc. – socializar este conhecimento junto às famílias e comunidades locais e do seu entorno, além de estar dando apoio às associações comunitárias locais, com vista ao seu fortalecimento. Enxerga-se a arte e a comunicação como elemento articulador da sociedade e um meio para se perceber as energias sociais locais com outros olhos. Acredita-se que a capacitação nesta área abre portas para outros rumos... da educação, da organização comunitária, do envolvimento nos eventos sócio-culturais, do crescimento pessoal/individual ao coletivo/comunitário e a efetiva participação na construção/implementação de Políticas Sociais Públicas que venham garantir espaços de Convivência em harmonia com Natureza, que alcancem o Desenvolvimento Local Integrado e Sustentável nos seus respectivos aspectos, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida da população.

Afinal o que é protagonismo juvenil??????
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BAPTISTA, Naidson de Quintela. Conhecendo o Programa Estadual de Erradicação do Trabalho Infantil. p. 2, jul/2000.
CÁRITAS BRASILEIRA, Construindo protagonismo de crianças e adolescentes/ [texto: Márcia Hora Acioli, colaboração: Márcia Guedes Vieira]. 2ª edição. Brasília, 2003.
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, LEI Nº 8069/90. p 1 Art. 4º.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e terra, 1996. p. 60.
OLIVEIRA, Maria das Graças Cavalcante de & Santos, Cícero Félix dos.O Semi-Árido Brasileiro e Educação: potencialidades e possibilidades. p. 1-5, 2000/2001.
Projeto de lei do Estatuto da Juventude, nº 4529/2004.
___________ Situação da Infância e Adolescência no Semi-Árido Brasileiro (Apostila). Resumo Executivo. UNICEF. p.p. 2 –14. 2002.
SPOSITO, Marilia Pontes। Algumas hipóteses sobre as relações entre movimentos sociais, juventude e educação (apostila). p. p. 7 –14. set/1999.
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Adelson Dias de Oliveira :Pedagogo, licenciatura plena, Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA – CE। Coordenador pedagógico Cáritas Diocesana de São Raimundo Nonato - PI
(2) Texto extraído do Projeto: Juventude protagonista: Um novo olhar sobre o Semi-árido, IRPAA, outubro 2005.

11 de fevereiro de 2008

ECUMENISMO CUIDAR PARA GARANTIR O FUTURO

A juventude dos estados de Alagoas, Pernambuco, Bahia e Rio Grande do norte. Dá um passo forte na construção de alternativas para garantir a existência de um futuro com dias melhores. Criando a rede ecumênica da juventude do nordeste, mecanismo que pode servir como instrumento de superação da violação dos direitos humanos.

Preocupo-me em chamar atenção para a palavra “ecumênica” que aparece no nome da rede. Do ponto de vista de pensadores dos nossos dias ecumenismo significa terra habitada, daí vemos uma grande atribuição que é dada a esta união de jovens, que é cuidar para tenhamos um lugar habitável onde possa haver condições boas de viver, onde os direitos humanos da juventude sejam garantidos, respeitados e implementados.

Ficamos indignados com a despreocupação que há para com o futuro da juventude, seja rural; de tribos indígenas, comunidades rurais, fazendas, sitio, assentado, ou jovens urbanos; de favelas, periferias, cidades do interior. Viva onde viver existe habitantes desta terra que são desfavorecidos.
Seja qual for à crença ou religião os jovens são os herdeiros do futuro e temem por ele.
Diante desta situação esta surgindo um mecanismo que busca promover, o dialogo entre os povos com diferenças de religião, crédulo e realidade local. Mas que tem algo em comum à violação dos direitos humanos e a necessidade de criar espaços de dialogo, promover meios de socialização. Para que juntos possamos fazer do presente a construção de dias melhores, para que os DESCA – civis e políticos, sejam garantidos.
Tendo uma vida economicamente viável, ecologicamente correta e socialmente justa, causando a promoção de uma terra habitável com sustentabilidade.


Thiago Santos Gomes; coordenador da comissão municipal de jovens de sindicato dos trabalhadores rurais de São Jose da Tapera AL, coordenador de coletivo de jovens do estado de AL, monitor de curso de agentes culturais jovens rurais de estado de Alagoas.