29 de janeiro de 2008

Formação continuada de jovens no sertão do Piauí

Promover a igualdade entre as pessoas e a participação integral na sociedade, em especial dos jovens, torna-se, na atualidade uma ação muito desafiadora. A interferência direta ou indireta nas políticas públicas é o que de fato possibilita essa inserção e conseqüentemente só irá acontecer mediante o processo formativo, educativo continuado, não se restringindo apenas a educação formal.
É com esse propósito que a Cáritas Diocesana de São Raimundo Nonato – PI vem trabalhando diretamente com o processo formativo de jovens, no momento atual atende diretamente a 25 jovens de comunidades rurais dos municípios de São Raimundo Nonato e Coronel José Dias no Piauí, como apoio e incentivo a multiplicação das ações é realizado repasse de uma bolsa auxílio de R$200,00, os mesmos desenvolvem ações de multiplicação com as famílias das comunidades, além de envolver os jovens que vivem na comunidade em ações de sensibilização, para o desenvolvimento dessa ação a Cáritas recebe apoio da Petrobrás por intermédio do Proejto Vida e Dignidade no Sertão do Piauí. Existe também o acompanhamento técnico permanente a famílias de assentamento e comunidades remanescentes de QUILOMBO, no qual existe o resgate cultural e o envolvimento dos jovens na luta por políticas públicas de inserção, apoiadas pelo Projeto Dom Helder Camara-MDA/FIDA.
Acredita-se que a educação é a arma capaz de transformar realidades, o diferencial está na intenção em que a formação acontece, na qual voltamos os olhares e preocupações para a Convivência com o Semi-árido. Durante a trajetória de trabalho ao longo do ano, com a aplicação das ações formativas nas comunidades e diretamente com os jovens, tendo em vista o despertar para a fixação na região e mudança de olhar sobre a região em que se vive, percebemos a necessidade de uma formação sólida e capaz de subsidiar a atuação na comunidade e conseqüentemente a profissionalização da juventude e atuação direta com as famílias.
Ao longo do acompanhamento sistemático ao grupo conseguimos identificar potenciais para realizar o curso de técnico em agropecuária e saúde comunitária e conseqüentemente multiplicar o conhecimento para as comunidades rurais que necessitam do acompanhamento para a melhoria das técnicas utilizadas, ao mesmo tempo em que possibilita a re-construção da cultura e ampliação do uso dos potenciais e particularidades existentes.
Jovens, que durante toda a sua vida, sentiram na pele os aspectos inerentes à produção agrícola e manejo animal, de forma tradicional, oriundos de famílias simples e que não dispõe de recursos financeiros para assim custear estudo de qualidade e a partir da formação e acompanhamentos realizados, percebe-se o despertar para novos horizontes.
A vivência com a terra, o plantio, os animais, a falta de água nos períodos longos de estiagem, os possibilitou perceber a importância das atividades agrícolas e de manejo apropriado dos animais para a continuidade da vida (área urbana e rural), apesar de existir muita dificuldade no que se diz respeito a utilização de técnicas apropriadas e por existir uma série de modificações na estrutura social das comunidades a atuação como protagonistas e agentes de transformação traduz os resultados de atividades onde a idéia do (a) jovem é respeitada e consequentemente vista como importante para o cotidiano da comunidade.
Vale ressaltar que contamos, ainda, com o apoio do Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada, no acolhimento e contribuição direta no processo formativo desses e dessas jovens, com o intuito de obtermos profissionais comprometidos e com um novo olhar para o acompanhamento técnico às comunidades rurais de nossa região.
Sendo o jovem do meio rural o agente mais importante no processo de reversão da atual situação, orientar o trabalho da Convivência com o Semi-Árido especificamente para o jovem, para que ele tenha na sua terra natal uma terra boa e próspera, onde possa desenvolver suas capacidades, e, então, poder escolher entre o ficar ou desenvolver as suas habilidades em outros espaços. Vê-se este espaço de capacitação e atuação junto à comunidade, que garante a melhoria da qualidade de vida das pessoas seja através do acesso à renda (melhoria da produção familiar), de uma melhor relação de gênero e geração, através de um salto da compreensão de sua cultura, seu ambiente. Um novo olhar sobre a realidade local.


Adelson Dias de Oliveira

Pedagogo, licenciatura plena, Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA – CE। Coordenador pedagógico Cáritas Diocesana de São Raimundo Nonato - PI

28 de janeiro de 2008

Quem é Jerson José de Souza do projeto Pedra Branca –Abaré (BA)

Meu nome é Jerson e eu queria falar um pouco como é minha vida cotidiana dentro das direções trabalhistas que venho desenvolvendo nas agrovilas do projeto pedra branca município de Abaré-BA.

Primeiramente queria dizer que amo a zona rural e amo ser jovem rural. Bom, vamos ver meus trabalhos: Estou representante legal da Florimel associação de Jovens rurais, para não falar presidente porque não gosto do termo presidente, para mim presidente é Lula sou simplesmente um membro da Forimel e respondo legalmente pela mesma e só, ou seja os direitos para todos são iguais. Estou agente comunitário rural contratado pela prefeitura municipal de Abaré das respectivas agrovilas mencionadas, então vamos ver como é meu dia, mais é claro que cada dia as coisas vão mudando mais geralmente meu dia é assim:

Durante a manhã, bem cedo, cuido de um plantio de hortaliça que tenho, em casa. Plantado após estagio no SERTA (Serviço de Tecnologia Alternativa) e vou para a roça pensando nos trabalhos agroecologicos que venho desenvolvendo junto com a família. E, ainda na parte da manhã, vou na internet ver e-mail, principalmente, no projeto que temos junto com o DED da Alemanha e na ocasião e contato com o maior número de parceiros possíveis porque a internet é paga e o custo é alto.

A tarde vou para o centro administrativo ver o andamento de nossos projetos de parceria com a CHESF e CODEVASF, e planejar ações junto com a turma da assistência técnica, quando não volto muito tarde do centro administrativo e dependendo do dia que capturamos abelhas para colocar no apiário (local onde as abelhas ficam agrupadas cada colméia em sua caixa), e no finalzinho da tarde pego aulas de capoeira com um amigo.


As noites quando não vou para casa da minha namorada, estou no ensaio do Só Pagode um grupo de pagode que montamos recentemente. E falando em organizar, porque o grupo já existia a muito tempo e também sou empresário do Só Pagode junto com outros amigos ou também posso esta levando as caixas de abelhas para o apiário porque apos captura as caixas passam dois dias no local que foi capturada e depois são levada a noite só pode ser levada a noite e por último vou dormir e a vida continua.


E você deve estar se perguntando: "Será que dá tempo para fazer tudo isso?? Olha, pode ter certeza que da tempo para fazer tudo isso e muito mais! Olhe bem ao seu redor e veja se eu não estou certo as pessoas que menos tem tempo são as pessoas que não fazem nada na vida e nem se quer se preocupam com o dia de amanhã. Aprenda a controlar seu tempo comece a colocar no papel sua visão de futuro, anote também o tempo estimado para cada ação que pretenda desenvolver durante o dia e, dessa forma, verá que você tem tempo para fazer tudo que queira.


Obrigado pelo espaço e agradeço de coração por ler estas palavras, porque geralmente as pessoas não gostam de ler não é verdade? E mesmo assim pensam em dias melhores! É preciso entender que já mais conseguiremos vencer as dificuldades se não tivermos o máximo de conhecimento, e digo mais quem tem o conhecimento tem o poder!!!


Muito obrigado mesmo. Esqueci de dizer que Amo o Associativismo e acredito que nasci para o mundo associativista.


Jerson Jose de Souza.
Jovem rural representante legal da florimel-associação de jovens do projeto pedra Branca - Abaré (BA)

2 de janeiro de 2008

Lembrança de seu Afonsinho

José Tenório, jovem há mais tempo, nos enviou essa mensagem para recordarmos e pensarmos no companheiro seu Afonsinho, que lutou pelo reassentamento irrigado, para 6 mil famílias, em Itaparica, entre os estados de Pernambuco e Bahia. Seu Afonsinho morreu na véspera de Natal, mas sua memória é força para as defensoras e defensores de direitos humanos:

Pensando em “Seu Afonsinho”

Quando lembro de “Seu Afonsinho”, me recordo dos nossos primeiros encontros em sua comunidade no município de Itacuruba, para pensar as conseqüências da construção da barragem de Itaparica e a *conscientização dos trabalhadores(as) para fortalecimento de suas organizações no enfrentamento e luta por seus direitos, e logo me vem a imagem de um homem simples, sereno e observador que com um gesto característico, se auto abraçava, passando os braços pela cabeça fazendo-os parecer mais longos do que eram, não como um gesto de timidez, mas aguardando o momento exato de se pronunciar, e sempre nos surpreendendo com palavras simples e objetivas, expressando sua compreensão diante dos problemas e estimulando discussões, sem a pretensão de ser “líder” (embora o fosse), muito menos de se deixar liderar aleatoriamente.
Hoje, embora sem a conclusão do reassentamento de Itaparica, apesar da determinação do presidente Lula de concluir-lo desde seu primeiro mandato, e sem sabermos mais o motivo de tanta demora (na maioria dos casos), se culpa dos órgãos públicos ou dos próprios trabalhadores (as) na garantia da consistência do conjunto de suas organizações no que se refere a questões como autogestão, comercialização da produção etc, “Seu Afonsinho” nos surpreende, partindo exatamente na véspera de Natal quando estamos todos comemorando a vida e o renascimento.Talvez, para que nesse momento de reflexão apesar de sua partida não pensemos na morte ou pensemos apenas como parte do ciclo da vida. E assim, nos perguntemos:Qual mesmo, a grande obra que os nossos companheiros (as) que já partiram deixaram inacabada? *.

“Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito,vamos de mãos dadas”
(Carlos Drummond de Andrade)
Jovens, peguemos os bastões a luta vale a pena, unamo-nos todos e enfrentemos a realidade do presente fortalecendo os verdadeiros valores de solidariedade, fraternidade e laços de amizade para que prevaleçam os interesses comuns, e só assim poderemos gozar a plenitude da vida que mereceu o sacrifício de Jesus.

Viva o Natal! Feliz Ano Novo!

José Tenório dos Santos.