20 de dezembro de 2007

Transposição, Imposição, Indignação...

Historicamente grandes projetos, de interesses capitalistas são construídos em nome dos pobres, os mesmos sempre alheios.
Temos um grande projeto para levar água para 12 milhões de pessoas, um canal, cabe a nossa reflexão: sua função é levar água para quem?
É para o povo pobre ou criação de grandes projetos de irrigação, carcinocultura, plantação de cana de açúcar...
Na verdade é para atender aos latifúndios daquela região, que já estão comprando as terras dos pequenos produtores onde o canal vai passar.
Nas diversas construções das usinas hidrelétricas na região há um déficit com a população ribeirinha, que foi expulsa de suas terras, e até hoje a conquista de Itaparica (Reassentamento) não foi concluído, imagine a transposição.

O que está em questão não é negar água para quem tem sede, mas, existem alternativas de convivência com o semi-árido, o trabalho das nossas entidades aqui do Sub-Medio e do Baixo São Francisco são voltadas para o desenvolvimento sustentável, além do desrespeito com o povo ribeirinho, que conhece melhor que ninguém a devastação que há por aqui. Revitalizar é preciso, transpor não é a solução.

É a imposição como este projeto tem-se dado, não considerando as diversas mobilizações da população da região, do país e até do mundo, a voz do povo está sendo sufocada, dando lugar ao poder econômico. Onde está a democracia?O governo popular?Até quando será preciso usar o nome da população para intensificar a exclusão?

A ação de Dom Luiz Cappio, é uma ação de todos e todas nós, e o que estamos fazendo para apóiá-lo na greve de fome?Será preciso a morte de uma vida para denunciar tantas vidas mortas pelo sistema? Espero que não chegue a esse ponto. Acreditar que é preciso todas e todos juntemo-nos nessa corrente de solidariedade contra a violência que é o projeto de transposição e pela vida do rio, e de Frei Luiz Cappio.

Vânia Tatiane.

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