23 de julho de 2009

ATO DE LANÇAMENTO DO ACAMPAMENTO NACIONAL PELA REFORMA AGRÁRIA

Convite
Local: Centro Cultural de Brasília (Ibrades 601 L2 Norte)
Quarta-feira 5 de agosto de 2009 às 19h00

Entre os dias 10 e 21 de agosto de 2009, cerca de 3 mil camponeses e camponesas promoverão um acampamento para denunciar que a reforma agrária continua parada e à margem do desenvolvimento do país, e exigir que o Estado garanta os pontos estruturantes da pauta dos movimentos sociais, como o assentamento das 100 mil famílias acampadas, crédito para produção, habitação rural, educação e saúde. Existem famílias acampadas há mais de cinco anos, vivendo em situação bastante difícil à beira de estradas e em áreas ocupadas, vítimas da violência do latifúndio e do agronegócio.
E mais uma vez, ribeirinhos, extrativistas, atingidos por barragens, indígenas, quilombolas, pequenos agricultores e sem terras se mobilizarão em Brasília para denunciar a crise política, econômica, social e ambiental criada pelas elites que controlam o Estado, e para cobrar do governo federal medidas urgentes para desconcentrar a terra, evitar o êxodo rural e resolver o problema dos grandes centros urbanos.
Com a certeza de que a luta por um Brasil soberano e justo é de todos, convidados para o Ato de Lançamento do Acampamento Nacional pela Reforma Agrária, onde gostaríamos de debater as ações e conclamar a todos que se unam a mais essa luta.

Brasília - DF, 23 de julho de 2009
Saudações Socialistas,

"Não estamos perdidos. Pelo contrário, venceremos se não tivermos desaprendido a aprender".
(Rosa Luxemburgo)

Marina dos Santos
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
Contatos: (61) 3038-1455 ou 9229-0815

Tiago Manggini
Secretaria Geral e Articulaçao PolíticaEscritório Nacional do MST em Brasília
Telefones: (61) 3038 -1455 ou 9151 4243
E-eletrônico: secgeral@bsb.mst.org.br

ARTIGO - Um direito garantido

A instabilidade jurídica e a indefinição sobre a propriedade da terra são sérios obstáculos para o desenvolvimento social e econômico do Brasil, pois inibem a realização de investimentos, prejudicam a produção agropecuária e favorecem a ocorrência de conflitos pela posse da terra.
A sociedade civil organizada tem cobrado do Governo uma atuação mais consistente na área fundiária, principalmente quanto às ações de reforma agrária e de regularização de posses da agricultura familiar. Por serem promotoras da melhor distribuição da terra e do desenvolvimento socioeconômico da população beneficiada, essas ações tornam-se instrumento de fortalecimento da agricultura familiar, garantindo o domínio da terra.
O Plano Nacional de Reforma Agrária tem como uma de suas prioridades a constituição do Cadastro Nacional de Imóveis Rurais (CNIR), de uso múltiplo, que resultará num novo mapa fundiário do País, referência obrigatória para a formulação e implementação de políticas de desenvolvimento rural e a implementação de um amplo Programa de Regularização Fundiária, dirigido prioritariamente à agricultura familiar, por meio da integração do Incra com os órgãos estaduais de terras. O objetivo é regularizar as pequenas posses de boa fé e permitir a arrecadação e incorporação de terras devolutas ao patrimônio público e a promoção de ações anulatórias sobre ocupações com registros irregulares.
"A regularização da situação de pequenos posseiros representa um passo decisivo na construção da cidadania"
Calcula-se que são mais de um milhão de agricultores distribuídos em todos os Estados, com posses de até 100 ha. Para o fortalecimento desses agricultores familiares, a política fundiária deverá vir associada às políticas de desenvolvimento regional, à garantia da assistência técnica e do acesso ao crédito, significando um aumento da produção e da comercialização.
A regularização da situação de pequenos posseiros representa um passo decisivo na construção da cidadania, concretizando um direito garantido pela legislação. O título de domínio simboliza o reconhecimento do Poder Público e da sociedade a esse direito, que já havia sido adquirido com o trabalho e a dedicação à terra. Seja qual for a origem da fragilidade jurídica da posse, as conseqüências são comuns: o obstáculo ao acesso ao crédito e às políticas de fomento e de comercialização; instabilidade quanto à ocupação pacífica da posse; e ausência de indenização quando a área é objeto de desalojamento por obra ou afetação pública. Não por acaso, nas áreas de maior concentração de posses irregulares é que costumam ocorrer os índices mais altos de violência, além de ser registrado baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e ausência de acesso às políticas públicas.
O Programa de Cadastro e Regularização Fundiária que está sendo conduzido pela Secretaria de Reordenamento Agrário será, portanto, uma experiência fundamental para a construção futura de políticas públicas para essas áreas, contribuindo para o desenvolvimento social e econômico da agricultura familiar brasileira.

Valter Bianchini - Secretário de Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário

Link: http://www.creditofundiario.org.br/materiais/revista/artigos/artigo06.htm

ARTIGO - Juventude rural: ampliando as oportunidades

"Fixar o homem ao campo": poucas expressões são tão populares e, ao mesmo tempo, nocivas a uma política de desenvolvimento rural capaz de mobilizar as melhores energias da juventude. "É poste, e não gente, que fica parado num só lugar", gostava de dizer o saudoso José Gomes da Silva, nome emblemático da luta pela reforma agrária no Brasil. E em nenhum outro momento da vida a mobilidade, o desejo de viver novas experiências e correr riscos são maiores que na juventude. Além de ser um traço característico da juventude, o impulso para a inovação é evidentemente útil para a sociedade como um todo.
Para que a propensão dos jovens à inovação se realize, entretanto, é necessário um ambiente social que estimule o conhecimento e favoreça que as novas idéias tenham chance de se tornar empreendimentos. Uma das maiores doenças de nosso tempo está exatamente na incapacidade de as sociedades contemporâneas oferecerem perspectivas para que a inovação se concretize em projetos - privados ou sociais - construtivos.
Para isso, o mais importante é que o destino dos jovens não esteja traçado de antemão desde seu nascimento, como fatalidade. Ora, o pressuposto da tão propalada "fixação do homem ao campo" é que não há melhor caminho para os jovens rurais que sua transformação em agricultores. Há dois equívocos nesta suposição. leia mais...
"Para que a propensão dos jovens à inovação se realize, entretanto, é necessário um ambiente social que estimule o conhecimento e favoreça que as novas idéias tenham chance de se tornar empreendimentos"

Ricardo Abramovay

Link: http://www.creditofundiario.org.br/materiais/revista/artigos/artigo05.htm

21 de julho de 2009

CNPq lança nova edição do Prêmio Jovem Cientista

O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico anuncia a XXIV edição do Prêmio Jovem Cientista, com o tema Energia e Meio Ambiente - Soluções para o Futuro. O concurso vai distribuir mais de R$ 145 mil a graduados e estudantes do ensino médio e superior. Interessados têm até 30 de junho de 2010 para se inscrever exclusivamente pelo site www.jovemcientista.cnpq.br.

O objetivo da iniciativa é buscar soluções simples e acessíveis para problemas diretamente ligados à população. O foco desta edição será o estudo, desenvolvimento e uso de energias alternativas, estimulando a produção e o consumo dessas fontes de energia de uma maneira sustentável, ou seja, atendendo às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das futuras gerações atenderem também às suas próprias.

O Prêmio será atribuído em cinco categorias: Graduado; Estudante do Ensino Superior; Estudante do Ensino Médio; Orientador; e Mérito Institucional. Enquanto a primeira opção é destinada a profissionais que já concluíram o curso de graduação e que tenham menos de 40 anos de idade, a segunda contemplará alunos regulamente matriculados em cursos de graduação e que tenham menos de 30 anos de idade. Há ainda oportunidades para estudantes em escolas públicas ou privadas de Ensino Médio e em escolas técnicas, neste caso, os candidatos devem ter menos de 25 anos de idade.

Já na categoria Orientador, serão premiados professores ou pesquisadores que tenham atuado como orientadores dos candidatos vencedores nas categorias Graduado e Estudante do Ensino Superior. As instituições de Ensino Superior e Médio que obtiverem o maior número de trabalhos de qualidade, de acordo com parecer da Comissão Julgadora, serão premiadas na categoria Mérito Institucional.

Os estudantes de ensino médio podem escolher uma das seguintes temáticas: Energia - geração e uso; Impactos ambientais de geração e uso de energia; impactos sociais de geração e uso de energia; e Soluções: sustentabilidade e energia.

Para os alunos de ensino superior e os graduados, os tópicos para nortear os trabalhos de pesquisa são: Fontes alternativas de energias não poluentes; Exploração racional de recursos energéticos; Impacto sócio-ambiental da geração de energia hidroelétrica e da produção de biocombustíveis; Controle da emissão de poluentes e efeito estufa no setor energético; Edificações inteligentes; Eficiência das diferentes fontes de energia; Uso de sistemas isolados para geração de energia elétrica; Ampliação e eficiência do uso de fontes renováveis de energia; Produção sustentável de biodiesel; Tecnologias energéticas apropriadas a pequenos produtores rurais e com unidades isoladas; e Impactos da geração de energia nos recursos biológicos e na biodiversidade.

Premiação

Na categoria Graduado, os vencedores recebem R$20 mil (1º lugar); R$15 (2º lugar) e R$10 mil (3º lugar). Para Estudantes de Ensino Superior, os valores são de R$10 mil, para o 1º lugar, R$8.500 para o 2º lugar e R$7 mil para o 3º lugar. Estudantes do Ensino Médio classificados em 1º, 2º e 3º lugares recebem um computador e uma impressora cada um. Essa mesma premiação será dada aos orientadores e às escolas dos três alunos vencedores.

Os orientadores dos graduados e estudantes de Ensino Superior selecionados também ganharão computadores e impressoras. No Mérito Institucional, serão pagos R$30 mil para cada uma das duas instituições - uma de Ensino Médio e uma de Ensino Superior - que tiverem o maior número de trabalhos com mérito científico inscritos. O regulamento do prêmio e a ficha de inscrição estão disponíveis em www.jovemcientista.cnpq.br.

Fonte: Universia
link: http://www.ondajovem.com.br/noticias.asp?idnoticia=6065

RJ sediará o 6º Fórum Brasileiro de Educação Ambiental

O Rio de Janeiro vai abrigar a partir de amanhã (22) o 6º Fórum Brasileiro de Educação Ambiental. Considerado um dos mais importantes eventos da área, o encontro vai durar quatro dias e tem o objetivo de promover debates entre as redes ambientais de diversos municípios brasileiros sobre temas como mudanças climáticas, educação ambiental no ensino formal e participação da juventude na preservação do meio ambiente. De acordo com a superintendente de Educação Ambiental da Secretaria de Estado do Ambiente, Lara Moutinho, é preciso mobilizar as sociedade para o desenvolvimento de modelos políticos, culturais e comportamentais sustentáveis. “Hoje nós sabemos que 20% da população mundial consomem 80% dos recursos ambientais e geram 75% da degradação do planeta. O modelo de sociedade responsável por esses números, baseado na superprodução e no superconsumo, leva a Terra a um futuro muito obscuro. E é a educação ambiental que tem o papel de despertar em cada um esse acordar coletivo. Para isso, é preciso questionar nossos modelos econômicos e padrões de consumo, que são insustentáveis. Ou mudamos nossos padrões ou não teremos futuro”, alertou. Lara Moutinho destacou ainda que durante o encontro serão realizadas diversas atividades como mesas redondas, jornadas temáticas, oficinas, minicursos e exibição de filmes sobre o meio ambiente. Os organizadores esperam reunir cerca de 4 mil pessoas, número de participantes da edição anterior do fórum, que foi realizada em Goiânia, em 2004. Na ocasião, foram discutidos os avanços da Política Nacional de Educação Ambiental, a formação de educadores Ambientais e os desafios das redes sociais de educação ambiental. O 6º Fórum Brasileiro de Educação Ambiental é promovido pela Rede Brasileira de Educação Ambiental (Rebea), que reúne mais de 40 redes de educação ambiental e educadores da área e tem o apoio dos ministérios da Educação e do Meio Ambiente e das secretarias estaduais do Ambiente e da Educação do Rio.
Fonte: DCI

REJU promove curso na Baixada Fluminense (RJ)

Lideranças de quatro regiões do país participam de Curso no Rio de Janeiro



A REJU - Rede Ecumênica da Juventude pela Promoção dos Direitos Juvenis - um projeto do FE Brasil (Fórum Ecumênico Brasil) -, realiza entre os dias 27 e 31 de julho, Curso de Capacitação de Lideranças da REJU, nas dependências do Profec, organização ecumênica da Baixada Fluminense, Rio de Janeiro.
O Curso vai reunir cerca de 40 lideranças jovens, de quatro regiões (NE, CO, SE e Sul) do país. São jovens que fazem parte das coordenações regionais, representando organizações e instituições religiosas participantes do FE Brasil ou não. Jovens de comunidades quilombolas do estado do Rio de Janeiro também deverão participar do encontro.
Durante o curso, além de momentos de avaliação e de apresentação de propostas de ações coletivas, visando à promoção dos direitos da juventude para o biênio 2009/2010, os (as) participantes terão aulas com os temas: Espiritualidade Ecumênica e Juventude, Questões de Gênero e Juventude, Identidade e Missão da REJU, Tecnologia em Rede, Sistematização das Ações da REJU e Ações Coletivas da REJU. O grupo fará a sistematização das ações da REJU, numa contribuição ao FE Brasil, em sua reflexão sobre a participação da juventude no movimento ecumênico brasileiro nos dias de hoje. O Curso tem o apoio do PAE/CESE.
Saiba mais sobre a REJU acessando: redeecumenicadajuventude.org.br
Foto: site da REJU

Autor: Márcia Evangelista
Data: 10/7/2009

REJU promove curso na Baixada Fluminense (RJ)

Lideranças de quatro regiões do país participam de Curso no Rio de Janeiro

A REJU - Rede Ecumênica da Juventude pela Promoção dos Direitos Juvenis - um projeto do FE Brasil (Fórum Ecumênico Brasil) -, realiza entre os dias 27 e 31 de julho, Curso de Capacitação de Lideranças da REJU, nas dependências do Profec, organização ecumênica da Baixada Fluminense, Rio de Janeiro.
O Curso vai reunir cerca de 40 lideranças jovens, de quatro regiões (NE, CO, SE e Sul) do país. São jovens que fazem parte das coordenações regionais, representando organizações e instituições religiosas participantes do FE Brasil ou não. Jovens de comunidades quilombolas do estado do Rio de Janeiro também deverão participar do encontro.
Durante o curso, além de momentos de avaliação e de apresentação de propostas de ações coletivas, visando à promoção dos direitos da juventude para o biênio 2009/2010, os (as) participantes terão aulas com os temas: Espiritualidade Ecumênica e Juventude, Questões de Gênero e Juventude, Identidade e Missão da REJU, Tecnologia em Rede, Sistematização das Ações da REJU e Ações Coletivas da REJU. O grupo fará a sistematização das ações da REJU, numa contribuição ao FE Brasil, em sua reflexão sobre a participação da juventude no movimento ecumênico brasileiro nos dias de hoje. O Curso tem o apoio do PAE/CESE.
Saiba mais sobre a REJU acessando: redeecumenicadajuventude.org.br
Foto: site da REJU

Autor: Márcia Evangelista
Data: 10/7/2009
Link: http://www.koinonia.org.br/comunicacao-noticias-detalhes.asp?cod=1354

6 de julho de 2009

Nova Secretaria de Jovens da Fetag-RJ

A Federação de Trabalhadores da Agricultura do estado do Rio Janeiro (Fetag-RJ) realizou o 8º Congresso Eleitoral para gestão entre 2009 a 2013 entre os dias 24 a 26 de junho, em Cachoeiras de Macacu – RJ.Entre os novos diretores foi eleita a Marcella Medereios como a nova Secretaria de Jovens da Fetag-RJ.

A importância da continuidade do processo organizativo da juventude camponesa fluminense.Parabenizamos a companheira e fazemos voto de continuidade.

Viva a juventude rural!!!
Palavra de Jovem Rural

8 de junho de 2009

Fórum Intermunicipal da Juventude Rural

O fórum Intermunicipal da Juventude Rural - FIJR, que envolve jovens de três municípios: Pão de Açúcar, São José da Tapera e Palestina - AL. Está se mobilizando para garantir recurso financeiro, no intuinto de utilizar do recurso arrecadado para participar das oficinas educativas do 19º Festival de Inverno de Garanhus. com os aprendizados nasoficinas absorvidos pretendemos em formas de oficinas socializarmos com nossa base e contribuirmos com a formação do ser político, utilizando sua criticidade para uma sociedade mais justa.

28 de maio de 2009

Justiça sem privilégios

NOTA PÚBLICA
Justiça sem privilégios

“Ai dos que absolvem o injusto a troco de suborno e negam fazer justiça ao justo” (Isaías 5, 23)

No dia 25 de maio, completou-se um mês em que quatro trabalhadores Roquevam Alves Silva, Odércio Monteiro Silva, Maria Edina Almeida Moreira e Esmael Rodrigues Siqueira, ligados ao Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), estão presos, em Belém (PA). Completaram-se, também, 25 dias de prisão de Osvaldo Soares Meira e Nilton Tavares de Araújo, militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em Campina Grande (PB).

Diante do tratamento dispensado pelo judiciário aos pequenos deste país, sobretudo aos camponeses e camponesas, é que a Comissão Pastoral da Terra (CPT) vem hoje se manifestar.

Que crimes cometeram estes trabalhadores?

No dia 24 de abril, 400 pessoas participaram de uma ocupação do canteiro de obras das eclusas da Hidrelétrica de Tucuruí (PA). Era um protesto contra a execução do sindicalista Raimundo Nonato do Carmo, de 53 anos, ex-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Tucuruí, assassinado no dia 16 de abril, e uma reivindicação de direitos negados. Após 25 anos da construção da barragem de Tucuruí muitas famílias ainda não receberam qualquer indenização e moram em favelas próximas às obras, sem condições básicas de infra-estrutura, como energia elétrica.

A 26 de abril, às seis horas da manhã, 18 trabalhadores foram detidos pela Polícia Militar e levados à delegacia. Antes de serem conduzidos a Belém, foram obrigados a um “desfile” por toda a cidade de Tucuruí, exibidos como uma espécie de "troféu" da Polícia Militar. Contra eles se levantaram dez acusações entre as quais as de seqüestro; incitação ao crime; atentado contra segurança de serviço de utilidade pública; formação de quadrilha. Os presos, pescadores e camponeses que nunca se envolveram em qualquer tipo de ação criminosa, acabaram apresentando sintomas de depressão em virtude das humilhações sofridas e das péssimas condições da cadeia. No dia 15 de maio, 14 foram postos em liberdade. Permanecem ainda presos os quatro acima citados.

Na Paraíba, no dia 1º de maio, Dia do Trabalhador, 60 famílias montaram acampamento às margens da BR 230 próximo à Fazenda Cabeça de Boi, município de Pocinhos, já desapropriada pelo Presidente da República, em 04 de dezembro de 2008.

Naquela mesma noite um grupo de homens encapuzados, liderados pela “proprietária” Maria do Rosário Rocha, disparou contra as famílias, detendo e torturando em seguida, sete trabalhadores. Sobre eles foi jogada gasolina e foram ameaçados de serem incendiados vivos. O carro de um membro do movimento foi queimado. As sessões de tortura só pararam ao raiar do dia, quando os encapuzados se retiraram e chegaram policiais, que também intimidaram e ameaçaram os trabalhadores, que foram levados para o posto da Polícia Rodoviária Federal, e em seguida transferidos para o 2º Batalhão de Polícia em Campina Grande (PB). As acusações contra eles: incêndio, porte ilegal de arma de fogo e terem disparado arma. Foram acusados pelas agressões que sofreram. A Ouvidora Agrária do Estado constatou que os dois trabalhadores presos apresentavam sinais visíveis de espancamento e que o Sr. Nilton apresentava sinais de queimaduras.

Não é de se admirar os trabalhadores receberem este tratamento. Secularmente assim foram tratados. O que nos causa indignação é que se proclame igualdade de direitos e de tratamento, quando em menos de 48 horas se concedem dois hábeas corpus a um banqueiro acusado de crimes contra o patrimônio público e de tentativa de suborno, enquanto deixam dias sem fim trabalhadores presos sem qualquer julgamento; quando nenhum dos “seguranças” da Agropecuária Santa Bárbara e Maria Bonita, no sul do Pará, de propriedade de Daniel Dantas, responsáveis pelo ferimento de oito sem terra, no dia 18 de abril, e por outros três no dia 9 de maio, esteja preso; quando uma grande empresária c o n d e n a d a a 94,5 anos de prisão pelos crimes de formação de quadrilha, contrabando e falsificação de documentos, tenha sido colocada em liberdade no dia seguinte à sua prisão por hábeas corpus, enquanto que aos trabalhadores acusados pelas agressões das quais são vítimas se protela indefinidamente a concessão dos benefícios da lei.

A prisão de políticos e empresários, em 2008, levantou um clamor geral por terem sido algemados. Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) rapidamente aprovaram medida que restringia o uso de algemas, por violar o princípio da presunção de inocência. Os presos de Tucuruí tiveram que “desfilar” pelas ruas da cidade como um troféu. Por acaso alguma voz se ergueu neste país para condenar tal ato?

O jurista Jacques Alfonsin analisa com clareza o tratamento dispensado aos trabalhadores pela justiça brasileira. “Há uma espécie de código ideológico, que tem poder superior a qualquer código de leis... Trata-se de uma cultura jurídica interpretativa dos fatos e das leis, que pré-julga, por uma síndrome medrosa e preconceituosa, todo o povo pobre ativo - como são as / os sem-terra que defendem seus direitos - fechado numa clausura de suspeita antecipada de que ele é, por sua própria condição social, perigoso e tendente a praticar crimes.”

Com Isaías, a CPT busca “ser fiel ao Deus dos pobres, à terra de Deus e aos pobres da terra” denunciando o tratamento desumano dispensado aos pobres do campo e exige que se faça justiça sem privilégios.

Goiânia, 27 de maio de 2009.

Coordenação Nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT)

Assessoria de ComunicaçãoComissão Pastoral da TerraSecretaria Nacional - Goiânia, Goiás.Fone: 62 4008-6406/6412/6400www.cptnacional.org.br

Fonte: CPT
Data: 27/05/2009
Link: http://www.cptnac.com.br/?system=news&action=news&eid=8

19 de maio de 2009

"Comparo o projeto da transposição a um computador cheio de vírus", Dom Cappio

por cristiano última modificação 19/05/2009 15:05
"Kant" é o segundo prêmio internacional concedido a Cappio; ano passado o bispo já havia recebido o prêmio "Da Paz 2008" oferecido por uma organização com sede na Bélgica

18/05/2009
Marcelo Netto Rodrigues
de Berlim (Alemanha)

No dia 9 de maio, dom Luiz Flávio Cappio recebeu o Prêmio Kant de Cidadão do Mundo, da Fundação Kant, na cidade de Freiburg, Alemanha. O prêmio, concedido a cada dois anos a pessoas que se destacaram na defesa dos direitos humanos, é o segundo reconhecimento internacional da luta do bispo contra o projeto de transposição do Rio São Francisco.
Ano passado, Cappio – que realizou jejuns contra o projeto em 2005 e 2007 – já havia sido agraciado com o prêmio da Paz 2008, concedido pela Pax Christi Internacional.
Junto a Rubem Siqueira, agente da Comissão Pastoral da Terra (CPT), na Bahia, e coordenador da Articulação São Francisco Vivo, Cappio aproveita a viagem para participar de debates em outras cidades alemãs – Frankfurt, Berlim, Bonn, Bremen – e na cidade austríaca de Graz.
Em Berlim, foi o convidado principal de um seminário organizado pela organização católica Misereor, sob o tema energia, poder e fomeh. Quando aproveitou a presença de parlamentares alemães no evento para pedir que enviassem emails ao Supremo Tribunal Federal (STF) brasileiro pressionando-o a julgar as questões jurídicas pendentes que existem contra o projeto. E concedeu a entrevista a seguir.

Brasil de Fato – O senhor veio para a Alemanha para receber um prêmio de cidadão do mundo. Ano passado, o senhor já havia recebido um prêmio de uma organização com sede na Bélgica. O senhor acredita que é possível internacionalizar a campanha pela não-transposição do rio São Francisco?
Dom Luiz Flávio Cappio – Desde o momento dos dois jejuns que fizemos, esta campanha já se tornou conhecida no mundo inteiro. Haja vista, a imensa solidariedade que recebemos de muitos países. E estes prêmios são sinais evidentes disso. A Pax Christi, que congrega 54 países, e a Fundação Kant, aqui da Alemanha, assumiram para si essa luta, em defesa dos povos mais pobres do Nordeste brasileiro.
Um confrade seu aqui da Alemanha disse que os seus dois jejuns tiveram, pelo menos, dois efeitos práticos: primeiro, fizeram com que as máscaras de um governo dito popular caíssem no momento em que foi posto numa encruzilhada e acabou optando pelo outro lado; e segundo, fizeram com que a CNBB voltasse a se pautar sob a ótica da opção preferencial pelos pobres. O que mais?
Sim, além desses dois aspectos, eu vejo uma tomada de consciência do povo ribeirinho, da nação brasileira e do mundo sobre esse problema que até então era pouco discutido. E uma outra grande conquista foi a unificação de todos aqueles que lutam por essa mesma causa. De repente, vimos juntos povos indígenas, quilombolas, acadêmicos de universidades, políticos que se alinharam a esse espírito de luta, igrejas e movimentos.
Tudo leva a crer que o presidente Lula não poderá declara no final do seu segundo mandato que ele realizou a transposição. O senhor realmente acredita que ele chegará ao fim do seu mandato sem que a obra tenha deslanchado?
Eu não acredito que esse projeto chegue ao fim. Não acredito de jeito nenhum. Eu sempre comparo o projeto da transposição a um computador cheio de vírus. Quando você tem um computador infectado, inevitavelmente chega um momento em que ele para. O projeto está tão viciado, tão cheio de irregularidades, que de repente ele vai empacar. Ele não tem como ir muito à frente. Não acredito que ele chegue ao fim. E não vai satisfazer a vaidade de Lula.
O senhor ainda espera alguma coisa do governo Lula?
Olha, eu não digo que eu espero. Eu digo que eu esperei. Eu esperava. E para isso eu lutei, vesti a camisa, suei a camisa para que fosse um governo voltado aos grandes interesses do povo. E de repente, a gente percebeu que o governo Lula se tornou refém das elites, dos grandes projetos transnacionais. Fui decepcionado. Hoje, não espero mais nada do governo dele e não vejo a hora de uma mudança de governo, e espero que seja para melhor.
O Gandhi chegou a fazer nove jejuns. O senhor descarta por completo que venha a fazer mais um jejum ou essa possibilidade ainda existe?
Eu não tenho pretensão nenhuma, nem de longe, de me comparar a Gandhi. Mas eu acho que o jejum já atingiu seu objetivo. Já deu um grito e aqueles que deviam ouvir já ouviram. Acho que o recado está dado.
O senhor seria a favor da transposição se ela só viesse após a revitalização do rio? Ou a transposição não deve ocorrer de jeito nenhum?
Olha, desde que as comunidades sejam abastecidas, o que é a função prioritária da água. E desde que o rio São Francisco tenha condições, então, pode-se pensar em projetos econômicos de utilização da água. Mas não sei se o projeto de transposição é o melhor. Eu diria projetos de uso econômico da água, mas desde que os povos sedentos fossem dessedentados, e desde que o rio São Francisco suportasse essa ingerência.
O fato de o senhor ter nascido no dia de São Francisco influenciou em alguma medida na sua opção pela Ordem Franciscana?
Não, foi apenas uma feliz coincidência. Eu optei pela ordem devido ao grande amor que eu tenho à maneira de São Francisco viver o Evangelho e pelo seu grande amor aos pobres e à natureza.

Link: http://www3.brasildefato.com.br/v01/agencia/nacional/dom-luiz-cappio-recebe-premio201ccidadao-do-mundo201d-na-alemanha